October 2019 - M&V Focus Issue # 5

In this issue of M&V Focus, we present the full text of a May 2019 position statement issued by EVO regarding deemed savings. Mark Stetz offers a solid perspective on the use of the R2 value in M&V and reminds readers that the real goal of M&V is to minimize the uncertainty in the reported savings. Greg Anderson discusses his experience performing measurement and verification of energy savings in real-world buildings, which suggests that using a baseline period longer than 12 months can offer improvements in reliability when quantifying occupancy impact. Colin Grenville offers some practical perspective of finding the right balance between cost and accuracy as a critical consideration in designing an M&V strategy that provides adequate certainty. Alex Rathmell shows how the IPMVP is used for evaluating a new generation of nearly-zero-energy building renovations in Europe. Paul Calberg-Ellen explains how a risk-cost calculation allows quantitative risk management for measurement and simulation uncertainties. Finally, we present the second part in Portuguese (Brazil) of the article on measurement boundary by Agenor Garcia and Bruce Rowse.


 

flag brazil Australia tn  Por Agenor Gomes Pinto Garcia* e Bruce Rowse**

5. Modelagem

Agora podemos generalizar os conceitos para ter uma visão mais abrangente da questão.

 

Figura 8

 Figura 8 – Modelando o problema

 

Estamos tratando de fluxos de energia, com:

  • uma entrada de energia
  • equipamentos que a utilizam para prover serviços de energia (alguns afetados pela AEE e outros não) e
  • serviços da energia, cujo controle afeta o fluxo de energia na entrada. Eventualmente, a conversão da energia passa por fases intermediárias, que podem também ser utilizadas para avaliar a economia de energia proporcionada pela AEE.

Por exemplo, os fluxos de energia associados com um chiller são:

  • Um alimentador elétrico
  • O chiller converte a energia produzindo água gelada
  • Bombas, ventiladores e trocadores de calor convertem a água gelada em ar refrigerado
  • O ar refrigerado produz conforto térmico (o serviço da energia).

Alguns exemplos de como a energia se converte em serviços de energia estão na Tabela 2.

 Tablo 2

Tabela 2 – Exemplos de uso da energia para definição da M&V

 

Algumas passam por estágios intermediários, outras não. No caso do ar condicionado de expansão direta, podia se considerar o ar refrigerado como uma variável intermediária também. Há, portanto, várias maneiras de se medir o consumo e as variáveis independentes para se fazer a M&V, como abaixo, configurando as diversas abordagens de definição da fronteira e pontos de medição.

 

Figura 9

 Figura 9 – Medição da energia

 A medição da energia pode ser feita somente na alimentação dos equipamentos afetados pela AEE, que seriam as Opções A e B do PIMVP, ou englobar mais equipamentos, que seria a Opção C.

 

 Figura 10

Figura 10 – Medição das variáveis independentes

A medição das variáveis independentes pode-se dar:

  • no que afeta o uso final (por exemplo, temperatura externa e ocupação afetam o condicionamento ambiental, ou a produção afeta o gás que alimenta a caldeira)
  • em uma variável intermediária (nos exemplos acima, a água gelada em um sistema de ar condicionado central, e o vapor na caldeira)
  • ou até nos serviços não cobertos pela AEE (por exemplo, uma grande atualização da iluminação de um prédio pode ser medida pela Opção C, mas a variação da energia da linha de base é explicada pelo uso do ar condicionado, já que a iluminação é praticamente fixa).

Assim, poderíamos definir três grandes grupos de fronteiras de medição, como abaixo.

 

Figura 11

Figura 11 – Fronteira de medição larga (instalação)

A primeira opção de fronteira de medição seria o uso de toda a instalação, o medidor da companhia de energia na entrada e a medição das variáveis que afetam o serviço da energia mais significativamente. As vantagens desta abordagem são: a linha de base provavelmente deve estar pronta, porque os dados de entrada são os da fatura de energia e os de saída são normalmente controlados pelo dono da instalação; não há custos de medição adicional; a variação da energia e da economia estão relacionadas diretamente a variáveis acompanhadas pela instalação. As desvantagens: há muitos fatores estáticos, tanto os relativos aos equipamentos não afetados pela AEE, quanto na configuração da instalação. Esta opção, portanto, é focada na instalação.

Figura 12

Figura 12 – Fronteira de medição estreita (equipamento)


No outro extremo está a opção focada no equipamento. A medição da energia é feita no alimentador do equipamento afetado e a variável independente é a saída do equipamento (água gelada no chiller, vapor na caldeira, vazão da bomba, etc.). Os custos de medição são altos, porém o controle do equipamento é muito bem feito, e há poucos fatores estáticos.

Figura 13

Figura 13 – Fronteira de Medição intermediária


Entre as duas opções acima, existe um meio termo, que consiste na medição na entrada do equipamento (Opção B ou A) porém correlaciona com as variáveis da instalação. A vantagem em relação à primeira opção (toda a instalação) é que há menos fatores estáticos, representados pelos equipamentos não afetados pela AEE. A desvantagem é que deve-se instalar um medidor e medir a linha de base. Em relação à segunda opção (fronteira estreita), a vantagem é que as variações da energia e da economia são explicadas por variáveis características da instalação – usualmente bem entendidas pelos donos ou gerentes da instalação; a desvantagem é que tem todos os fatores estáticos da instalação.


6 Outro exemplo interessante

Outro exemplo (proposto por John Cowan) que ilustra bem a questão da fronteira de medição é o apresentado abaixo, que trata de uma AEE em um forno, que aproveita o calor residual da combustão por meio de um trocador de calor instalado na chaminé.

Figura 14

Figura 14 – AEE em forno industrial – situação inicial


A Figura 14 apresenta a situação da linha de base: o forno é aquecido por gás, misturado com ar que fornece o oxigênio necessário à combustão. Um sistema de controle mantém a temperatura constante no interior do forno. Um ventilador no queimador força a circulação de ar no forno, cujos gases residuais saem pela chaminé, ainda com uma temperatura elevada. Uma esteira transportadora conduz os lingotes à fornalha para serem aquecidos e submetidos à extrusão.

Figura 15

Figura 15 – AEE em forno industrial – situação após a AEE


Com o trocador de calor, o ar de combustão é pré-aquecido a 550 ⁰C, diminuindo a necessidade de calor na combustão e reduzindo o consumo de gás. Claro que, para dimensionar o trocador, é necessário estimar-se a vazão de ar e as temperaturas na entrada e saída do trocador. Nesta fase de “diagnóstico” da AEE, estima-se também o rendimento do trocador e o impacto da mudança de temperatura do ar na combustão e a redução do gás. É natural que os especialistas envolvidos nesta fase de engenharia queiram ver como o equipamento se comporta e tenderiam a propor a seguinte estrutura de M&V:

Figura 16

Figura 16 – Abordagem 1 de M&V


Colocando-se medidores de temperatura na entrada e saída do trocador e medindo-se a vazão de ar se conseguiria medir o calor aportado ao ar de combustão. No entanto, a pergunta da M&V não é se o trocador está funcionando bem, é quanto gás se economizou. Assim, ou colocaríamos mais medidores ou faríamos estimativas bem “fortes” para estimar a redução do consumo do gás. Já que queremos saber a redução do gás, porque não o medir diretamente? E também o que faz variar o seu consumo, a produção?

Figura 17

Figura 17 – Segunda abordagem de M&V


Com a medição do gás na entrada e a produção na saída pode-se estabelecer o modelo da linha de base e calcular a redução do consumo de gás no período de determinação subtraindo-se o consumo do gás do calculado pelo modelo da linha de base.


Como os limites da medição são o medidor de gás e a produção, pode-se traçar a fronteira de medição como apresentado na Figura 17. Outra análise interessante é o que acontece com o ventilador do queimador. Se não pensamos na fronteira como fluxo de energia (gás – ar quente – aquecimento das peças – aquecimento do ar entrante), poderíamos vê-lo como dentro da fronteira. No entanto, como é alimentado por eletricidade, este fluxo está obviamente fora da fronteira de medição, que mede apenas gás e produção. Se os cálculos apontarem que este efeito é significativo, poder-se-ia acrescentar um medidor de eletricidade ao motor do ventilador, ampliando-se a fronteira de medição para incluir os dois fluxos, gás e eletricidade.

[FIM DE PARTE 2]


Referências

EVO – Efficiency Valuation Organization. Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance: Conceitos Básicos. Sofia: EVO, 2016.

GERBI – Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Indústria Brasileira. Caso de Estudo de M&V: Recuperador de Calor em Forno. Apresentações em Power Point. Problema inicialmente sugerido por John Cowan. Rio de Janeiro: GERBI, 2003.


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(*) Agenor Garcia is an energy efficiency and M&V consultant based in Brazil, technical director of CTC Experts. Agenor is a member of EVO's Extended Training Committee and an EVO L3 accredited instructor.

CTCE

(**) Bruce Rowse is a consultant with 8020Green and is based in Australia. Bruce is the chairman of EVO's Extended Training Committee and an EVO L3 accredited instructor.

  8020Green